Hoje, dia 19 de agosto, é o dia mundial da Assistência Humanitária. 

Para celebrar este dia e aproximar mais o que é ser tradutor humanitário, pedimos a Luccia Haughton, uma das nossas tradutoras que mais colabora com organizações sem fins lucrativos, para nos responder a algumas perguntas sobre este trabalho. 

O que é que a levou a dedicar-se à tradução e/ou interpretação humanitária?

Comecei a minha carreira como tradutora aos 20 anos e antes tinha uma experiência reduzida nesta área. Decidi que o trabalho voluntário será a forma mais rápida de adquirir uma valiosa experiência e aprender algo novo, ao mesmo tempo. Depois de alguma pesquisa, encontrei uma organização incrível que oferecia serviços de tradução gratuitos às pessoas mais necessitadas e que ficou encantada por me aceitar na equipa.

Que tipo de formação ou conhecimentos são necessários?

Para o tipo de tradução com que trabalhei não era necessária grande formação. A MondoAgit, a organização com a qual colaboro, só espera que entreguemos a melhor tradução possível. Claro que também colaboram com intérpretes, que necessitam de ter mais alguns dons para o trabalho com as pessoas afetadas por catástrofes. Uma base sólida de empatia e amor é tudo o que é necessário para começar a ajudar!

O tradutor e/ou intérprete humanitário faz de tradutor e/ou intérprete, mediador e, às vezes, até de apoio psicológico. Que conselhos daria a alguém que queira começar neste setor?

Como já referi, a empatia é essencial. Quando trabalhamos no setor do voluntariado, é provável que conheçamos pessoas de todos os lugares do mundo, com histórias de vida muito diferentes. Algumas destas histórias são difíceis de entender quando durante toda a nossa vida estivemos “protegidos” pelos muros europeus. É importante manter a mente aberta, ouvir e oferecer apoio quando necessário.

Recomenda esta atividade de tradução/interpretação aos colegas de profissão?

Recomendo este trabalho voluntário a qualquer tradutor, mas recomendo o trabalho voluntário a qualquer pessoa no geral. Não só é uma oportunidade para adquirir uma grande experiência, como o voluntariado também ajuda a combater os efeitos do stress, da irritação e da ansiedade. O aspeto do contacto social, de ajudar e de trabalhar com outros pode ter um efeito profundo no bem-estar psicológico no geral. Nada alivia mais o stress do que uma ligação significativa com outra pessoa. Pode melhorar o seu próprio bem-estar, sem deixar de ajudar uma pessoa necessitada.

A nível cultural, quais foram as situações mais complicadas que encontrou?

O meu trabalho com estas ONG consiste, principalmente, em traduzir textos para outras ONG de forma gratuita. Trabalhei em artigos, sites, anúncios, etc. Infelizmente, ainda não tive a oportunidade de participar ativamente neste tipo de situações pessoalmente.

Na sua opinião, um tradutor e/ou intérprete humanitário tem maiores dificuldades para entrar no mercado de trabalho ou, pelo contrário, fazem falta mais perfis assim?

Pela minha experiência pessoal, não é difícil entrar nesta área. Todavia, e difícil encontrar ONG e outras organizações com as quais se possa relacionar. É muito importante que investigue o suficiente sobre uma organização para garantir que os objetivos que tem são realmente algo que tem um efeito na realidade. Uma triste realidade é que existem muitos sites fraudulentos que apenas querem um serviço gratuito, dinheiro ou os dados pessoais. Assim, é preciso cuidado. Mas nunca há tradutores humanitários suficientes. Todos os dias vemos nas notícias situações horríveis e todos os dias necessitamos de tradutores e intérpretes na primeira linha para ajudar estas pessoas necessitadas. Enquanto existirem seres humanos neste planeta, necessitaremos de tradutores humanitários.

Ocasionalmente, tem trabalhado noutros ramos da tradução? É igualmente gratificante?

Sou uma pessoa que gosta de ajudar e de ver as pessoas alcançarem os seus sonhos. Quando não faço trabalho voluntário, traduzo livros. Desfruto ajudando os autores a cumprir os seus sonhos e a que os livros cheguem a mais pessoas. A autopublicação é uma área difícil e estou aqui para ajudar estes novos autores a navegar por este terreno traiçoeiro. O que mais gosto neste trabalho é saber que contribuí para realizar o sonho de alguém e isso é tão gratificante como o meu trabalho voluntário.

Na BigTranslation queremos agradecer a Luccia o seu extraordinário trabalho e grande empatia. Ficamos satisfeitos por ter pessoas assim entre os nossos tradutores. É sempre um prazer contar com ela e agradecemos-lhe por colaborar connosco há tanto tempo. 

Que venham muito mais anos!

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Ana Galiana

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